O Bordel mais fantasticamente deprimente da Blogosfera

Thursday, May 10, 2007

Contrastes

Sob um céu estrelado e luminoso, um mar tranquilo repousa. As ondas vão deslizando suavemente ao ritmo de uma corrente calma.
No seu fundo toda uma fauna e flora de contrastes. O brilho da cor dos corais mais luminosos, a intensidade do movimento dos peixes mais agitados.
Ao ritmo da lua muito dos seres desta fauna subaquática repousam. Uns camuflados, para se protegerem de predadores menos sonolentos, outros mais relaxados na sua cama submarina.
Indiferentes a isto tudo duas placas circulam velozmente por debaixo deste cenário. Duas placas que se deveriam ter cruzado…
A calma é irrompida pelo suar de uma espécie de trovão…mas onde está a sua luz?
A luz que continua intensa é a que resulta da rainha da noite e das suas damas de honor.
A lua começa no entanto a perder o seu brilho, mas o céu continua límpido e estrelado.
As areias ficam revoltas e mesmo os mais ferozes predadores procuram refúgio nas montanhas rochosas que o mar esconde.
Longe dali o mar revolta-se, um casal de namorados muito enamorados contempla o mar ao sabor de um cigarro e com os corpos cobertos pela areia fina da praia.
Ao longe avistam uma luz que não sabem ser um farol ou um barco que navega ao longo da costa e que ali está para tal como eles desfrutar daquela noite.
Entre um suspiro e um ofegar mais intenso os seus corpos voltam a ficar cobertos de areia mas já sem a luz que olhavam em fundo.
Sem aviso prévio um predador natural irrompe pela praia, devorando os seus corpos desnudados e saciados de prazer.
O mar irrompe de modo assassino e num estalar de dedos faz desaparecer toda uma fauna e flora terrestres, que neste momento já é subaquática.
A noite calma e luminosa transforma-se numa noite agitada e de horror…mas sempre sob um intenso luar e o brilho das estrelas.
Um jardim mórbido surge ao fundo, mas é um jardim sem flores…é um jardim de corpos embrulhados onde está o casal de namorados enamorados…e continuam abraçados, mas agora sem qualquer suspiro ou qualquer arfar…estão em silencio, tal como todos os outros.
A luz que eles viam está agora mais próxima…era um barco que chegou a terra a uma velocidade infernal.
A noite continua calma e tranquila lá em cima no céu, cá em baixo é o inferno. Os gritos irrompem na noite, mas são poucos. O som que mais se ouve é o silêncio…
Num local não muito distante dali uma mulher triste e amargurada com a vida miserável que tinha decide por um ponto final na sua existência.
Estava á vista o fim da violência que lhe era infligida todos os dias por aquele que dizia que a amava. Estava á vista o fim da tortura psicológica que a hora da chegada do seu mais que tudo representava…e ele era sempre de uma meiguice violenta e sanguinária.
Entre uma faca e um salto para o infinito, o salto revelou-se o melhor.
Há muito que ela queria experimentar uma actividade radical, que queria sentir o vento a bater na sua cara…e não um punho cerrado.
Mas a lua era muito intensa e o infinito afinal tinha distância e o fim era bem visível.
A água da barragem estava muito próxima…e a coragem dela cada vez mais longe.
O regresso a casa, ao ninho onde estava o seu amado, o seu protector, o seu mais que tudo estava mais próximo…ao contrário do punho cerrado.
A fronteira entre o amor dela e o carinho muito especial dele estavam separados por poucos metros…tal como a faca.
De um momento para o outro a barragem rebentou. As paredes cederam perante o impacto de um objecto contundente que as trespassou…mas a água tinha uma cor estranha.
A luz da noite revelou um tom escuro, a água estava pintada de vermelho…e uma faca boiava e deslizava na corrente daquele pequeno rio de sangue.
O rio vermelho acabou por se misturar, e por ser devorado pelo predador natural que entretanto já tinha chegado.
Ao contrário dou casal de namorados enamorados, esta mulher e o seu delicado companheiro rumaram cada um para um lado oposto do jardim…são os cactos que o delimitam.
O predador avança velozmente sob a calmaria da noite e a outra barragem cede, provocando um estrondo que parecia um trovão que chegava…mas sem luz.
O grande predador recebeu em sentido contrário o seu piqueno… foi o mar que correu para o rio e que lhe deu um abraço que o esmagou por completo.
A manhã está a raiar, por entre os destroços de uma vida, no meio do jardim despido, duas crianças surgem com lágrimas nos olhos e um sorriso na face…o predador e o comparsa não os viram.
De mãos dadas seguem na direcção do Sol. Estranho! Está um sol radioso, brilhante, lindo e sem se saber muito bem de onde chove. Será chuva? Será o céu que chora? Ou estarão a regar o jardim sem flores?
São dúvidas que aquelas crianças vão ter para sempre…elas não querem saber as respostas.
Correm com o mesmo sorriso nos lábios, e os olhos secos de qualquer lágrima. Correm para sentir a brisa que se levanta e que faz os seus cabelos e as flores que os rodeiam abanar levemente, de modo delicado e certeiro.
No dia em que o rio não correu para o mar, em que os jardins não eram compostos por belas flores, onde os predadores saíram dos seus habitats… a felicidade correu de mão dada em direcção ao Sol e á luz que vai iluminar os seus dias.
Será que os vamos encontrar novamente como namorados enamorados ou como dois seres numa procura desenfreada entre uma manifestação de carinho violento e o esgaçar de uma barragem?
Simplesmente, A Procura de…um contraste com um brilho enamorado.
Fui…mas volto.

3 Comments:

Blogger Jingas said...

inspirado...

10:07 pm

 
Anonymous Anonymous said...

Bonito!

12:22 pm

 
Blogger Pedro Camilo said...

Oh my god como dizem os "amigos" Chandler e Ross. 2ª feira vais-me explicar isto tudinho...

...não sei se 8 horas chegam!!!!

9:05 pm

 

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