O Bordel mais fantasticamente deprimente da Blogosfera

Sunday, July 01, 2007

Contra a Corrente

Pois é rapaziada, para grande pena de muita gente, este vosso criado está de volta, e com a cabeça mais perturbada e criativa que nunca.
O rol de matérias desinteressantes e sem conteúdo nenhum é enorme. Por isso nem vale a pena tentarem impedir-me de avançar a um ritmo alucinante.
Quem normalmente não avança a um ritmo alucinante é quem por algum motivo decidiu navegar contra a corrente…assim tipo Salomão.
De facto esta coisa do Salomão nadar contra a corrente é uma matéria que me intriga…mas fica para outro post.
Na nascente de um rio vemos um conjunto de barcos que se prepara para uma regata.
Este é um rio diferente de todos os outros…é navegável desde a nascente.
Num conjunto harmonioso de cores as velas são içadas e a largada está iminente.
Com um tiro estridente que provoca o alvoraçar dos pássaros a partida é dada…mas esta é também ela, uma partida diferente.
Como o caudal do rio é menos intenso a velocidade é pouca nos primeiros quilómetros da regata.
Há um desfrutar de todos os cheiros e todas as cores na paisagem que nos envolve…a vida corre tranquila.
Todos os sons são perceptíveis, são assimilados. A única coisa que perturba esta delícia de silêncio é o som dos barcos a rasgar as águas. Mas até esse é um som calmo e pouco intenso.
A água do rio é de um limpidez fantástica. Podemos desfrutar de toda a fauna que por lá anda…ou melhor nada.
O único problema são mesmo os salmões. Temos que estar com atenção para não levarmos com nenhum na cara….ehehehe.
Já passaram cerca de 15 minutos desde que zarpamos do nosso porto de abrigo.
Começam a aparecer as primeiras borbulhas na água. È sinal que o caudal do rio vai aumentar.
De um momento para outros, uns arrufos de vento aparecem e atingem o coração da nossa vela. O barco balança, mas é coisa pouca.
Continuamos a descer o rio, e as cores nas margens do rio vão mudando com o decorrer da jornada.
Na margem direita do rio é todo um cenário verdejante, é toda uma acalmia harmoniosa.
Na margem esquerda vemos algumas zonas queimadas…até mesmo algumas casas. O cheiro a terra queimada ainda anda no ar e a acalmia e o verdejante da outra margem estão ausentes.
Está um dia lindo.
O sol está neste momento sobre as nossas cabeças. E está tão intenso, que as nossas moleirinhas estão quase a queimar.
O que nos vale é a brisa constante que sopra, e que se intensifica com o deslocar cada vez maior veloz do barco.
Já se nota uma subida acentuada do caudal do rio, até já se conseguem vislumbrar algumas ondas…mas são tão pecaninas que ainda não são o suficiente para nos provocar preocupações de maior.
Já percorremos neste momento 1/4 da nossa viagem. Está na hora de fazer uma pausa.
Um pequeno cais serve para que os barcos desta regata sui generis atraquem e os seus ocupantes desçam para terra e aproveitem para desfrutar da calma e do verde da margem direita do rio.
Está na hora de zarpar. Vamos levar nos nossos narizes, todos os cheiros da margem do rio. Nos ouvidos a musica harmoniosa que era provocada pelo deslizar das águas e pelo “cantar” dos animais da mata. E nas retinas as cores…boa vida, é o que é.
Pouco tempo depois de zarparmos, passamos por uma curva que nos leva a um entroncamento. Mas o que é isto?
Nada de especial. O rio tinha-se dividido e agora voltava-se a juntar. Mas como é que nós não reparamos?
Tal como a união de dois corpos, estes dois braços do rio uniram-se num só, e a sua velocidade como que duplicou.
Parecia que tinham aberto as comportas de uma barragem…até já havia ondas no rio.
O vento soprava agora mais forte e as velas iam largadas ao seu sabor…e o cenário era bem bonito.
Mas que curioso, o rio vai novamente abrir-se em dois. Mas CUIDADO com os remoinhos que se estão a formar no meio do rio.
Com manobras rápidas e certeiras todos os barcos se chegaram as margens e passaram uns pela direita e outros pela esquerda. Estávamos agora separados. Com um pedaço de terra em permeio, víamos as velas uns dos outros pelos espaços onde a vegetação não era tão cerrada.
Quando é que será que nos voltaríamos a juntar?
Mas parece que nem todos conseguiram passar os remoinhos. Um pequeno barco tinha rasgado a sua vela castanha, e o seu único tripulante não tinha conseguido evitar os inúmeros remoinhos e tinha ficado encalhado naquele pedaço de terra que tinha dividido o rio em dois.
Os outros barcos lá continuaram e quando o rio se voltou a juntar já não estavam sozinhos. Outros barcos mais pequenos tinham-se juntado á regata.
Não sei se lhes poderemos chamar juntar. Eles vieram criar alguns problemas aos outros…em suma atrapalhar, porque o espaço no rio ficou mais reduzido e as preocupações dos tripulantes e ocupantes dos barcos que compunham a regata redobraram. As atenções estavam agora não só no rumo e nas alterações que o rio sofria, mas especialmente naqueles barcos pequenos e irrequietos que tinham decidido juntar-se a festa…para além dos salmões e dos peixes voadores que saltavam como se não houvesse amanhã...eheheheh.
E quando o sol começava a desaparecer no horizonte, lá chegou a nossa regata ao estuário do rio, onde as velas de todas as cores estavam agora mais vistosas que nunca, e os barquinho que se tinham juntado a regata já tinham espaço para se soltarem e ziguezaguearem por entre os maiores.
O melhor de tudo são os golfinhos que agora acompanham lado a lado (assim tipo Mafalda Veiga e o pequenote do João Pedro Pais...ehehehehe ) a nossa regata.
Mas esperem, o que será que aconteceu com o barco da vela castanha que tinha encalhado??
Pois é, em cada tentativa de voltar ao rio, o nosso tripulante solitário via o barco entrar nos remoinhos e após dar voltas e voltas sem sair do mesmo sítio (apenas o estômago e o fígado é que tinham saído do sitio…estavam mais próximos da boca), ia novamente de encontro ao pedaço de terra que dividia o rio.
Entre escolhos e remoinhos, era assim que este marinheiro de água doce tinha passado as últimas horas.
Rodopio para aqui, volta para lá, mas o sítio era sempre o mesmo. E de repente, o som do barco a encalhara novamente…será que vai sair dali pelos seus meios?
Pode ser que o encontremos um dia a passear pela grande avenida e ele nos diga como acabou o seu carrossel.
Agora, está na hora de ir A Procura de…evitar os remoinhos e escolher o caminho certo.
Fui…mas volto.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Fico sempre na dúvida se sonhaste, se apenas imaginaste ou se viveste aquilo que escreveste! :-). Mas, se calhar, o objectivo é esse...;-)

1:08 pm

 

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