O Bordel mais fantasticamente deprimente da Blogosfera

Thursday, January 03, 2008

E viva a Escolinha

Uma das coisas que maior espanto me causou no ano que findou foi o tão propagado Estatuto do Aluno.
Em traços gerais esta coisa que eu não sei muito bem como catalogar definia várias coisas de modo bastante inteligente.
A 1ª coisa fantástica que este Estatuto nos revelava era o facto de o aluno poder faltar as aulas como bem lhe apetecer sem que isso implicasse chumbar. Como foi dito na altura, a escola não iria “desistir” do aluno… apesar de este tudo andar a fazer para a desistir da escola.
Outra coisa realmente magnifica era a que estava relacionada com os testes. Os alunos podiam não aparecer nos testes. Apareciam mais tarde nos exames, que quase de certeza deveriam proporcionar mais uma vez um sem número de hipóteses ao aluno. Tudo isto visando a recuperação do aluno. Não há nada como aplicar um bom termo clínico para tentar dar alguma credibilidade a coisas parvas… recuperação.
Não tenho de modo nenhum a mentalidade clássica da velha frase, “ No meu tempo é que era bom”. Mas nesta matéria acho que se o disser é o que mais se aproxima da realidade. Não era o facto de ser bom naquele tempo. Era justo, razoável e suficientemente permissivo (mas não de modo abusivo).
Cada disciplina tinha um determinado número de faltas que o aluno poderia dar sem qualquer justificação. E é aqui que surge a 1ª folha de Excel de toda a história.
Qualquer aluno que se prezasse e que gostasse de dar umas baldas, tinha na última página do caderno a sua folha de Excel particular onde ia preenchendo qual jogo da batalha naval cada tiro que acertava… e o quadro por vezes ficava bem bonito, com quase toda uma frota abatida mas ainda com alguns sobreviventes. Eheheheh.
Nesta nossa folha de Excel fazíamos a nossa contabilidade vadia e sabíamos qual era o limite do esticar da corda…depois disso ela partia e era chumbo certo por faltas.
Apesar de ter estudado durante largos anos, nunca fiz com que a corda partisse… o ficheiro de Excel estava sempre actualizado ao pormenor.
Já quanto aos testes era tudo muito simples.
Ou bem que se estudava e se sabia a matéria e normalmente a coisa corria bem e a malta passava.
Ou não estudava tanto e fazia umas cábulas fantásticas (que é um óptimo método de estudo) e logo se via.
Ou se não se estudasse o resultado era nada mais nada menos que o chumbo.
Hoje em dia é quase um vale tudo para que em termos de estatísticas da U.E, Portugal aumente os seus índices de escolaridade… o caminho é no entanto o errado.
Se somos um pais onde se critica a lassidão, a falta de iniciativa, a ausência de mérito, a falta de dinamismo, o rigor, etc, desta maneira esses valores nunca mais são elevados a coisa nenhuma.
Se desde cedo se começa a reconhecer e a recuperar as pessoas simplesmente porque andaram na balda, certamente que no futuro estas pessoas não vão nunca querer ser reconhecidas pelo seu mérito mas apenas e só por obra e graça do Espírito Santo.
A qualidade, o mérito, a produtividade e outros conceitos que tais vão continuar a ser uma miragem. Mas uma miragem com o distinto patrocínio do Estado Português e em particular deste (des)Governo…
Em relação a esta matéria o ministério, tal como disse João P.Coutinho, e passo a citar “Na sua concepção, os professores seriam uma mistura de pais, psicólogos e baby-sitters, que deveriam estar 24 horas disponíveis para quando os meninos, cansados da praia ou do campo, tivessem saudades da escola. Neste caldo de insanidade pedagógica, a única coisa a lamentar era a ministra não ter sido mais ambiciosa, obrigando cada professor a adoptar um aluno e a leva-lo para casa. O aluno teria assim um escravo à disposição para quando a vontade de aprender subitamente o atacasse”.
E este é apenas e só mais um exemplo fantástico do pais que temos e que queremos projectar para o futuro.
Aproveitando a embalagem da coisa, vou mas é A Procura de… dar umas baldas.
Fui…mas volto.

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