Chefe Vs Líder

Pois é caríssimos clientes desta chafarica da Grande Avenida, hoje vou abordar uma coisa que me anda a causar alguma coceira.
Não é coceira nas partes baixas (sou um meçoilo asseado) … é coceira intelectual mesmo.
Este estabelecimento tem volta não volta a ousadia de tentar abordar algum tema mais sério, e que toca a muitos dos que por aqui aparecem por mero acaso.
Chefe ou Líder?? Eis a questão que se coloca neste post.
Uma nota prévia. De acordo com o Eng.º Sócrates vai haver mais 150 mil pessoas com este dilema até ao final da legislatura… ou seria menos 150 mil.
Tenho que ter cuidado com o que digo, senão ainda me vem ao estabelecimento 2 ou 3 blogopolicias e tenho a chamada chatice.
Mas voltemos ao cerne da questão.
Calma, eu disse cerne, não cherne e não estava a fazer nenhuma piada em relação ao Exmº Sr. Presidente da Comissão Europeia. Mas continuemos…
Todos aqueles que trabalham já tiveram certamente algum tipo de problema de relacionamento com o chefe. Seja por deficiência de comportamento do chefe, seja do subordinado (ou devo dizer insubordinado), ou de ambos os dois.
Estes casos originam um grande desgaste o que pode provocar desmotivação, discussões e no limite demissões… é o chamado 3D.
Eu tenho uma visão ascendente e descendente desta temática.
Sou não só subordinado como também responsável (ou devo dizer irresponsável) por uma equipa de trabalho, e como tal tenho uma opinião bem formada sobre a matéria em questão…para ser franco eu tenho opinião formada sobre quase tudo. Assim tipo Prof. Marcelo…mas em mau. LOL.
É óbvio e notório para qualquer um que numa empresa pessoas inspiradas trabalham melhor. E é claro que com uma pessoa motivada, que se mostra interessada, é muito mais fácil trabalhar.
Foi feito um estudo por 2 gurus de Recursos Humanos (RH), onde eles salientam quão importante é a motivação e a aposta nas pessoas no contributo do sucesso das organizações.
De acordo com este estudo são óbvios os impulsos que levam as pessoas dentro de uma organização a desenvolver o seu trabalho.”Dividem-se em 2 tipos: Internos e Externos. Os primeiros dizem respeito ás aspirações do trabalhador, sonhos e a sua perspectiva perante o trabalho, ou seja, se o emprego que tem é apenas uma maneira de ganhar dinheiro para sobreviver ou se pelo contrário, é um meio de expressar os seus dons e talentos. Quanto aos aspectos exteriores, ligados á cultura organizacional, aponta aspectos como se as chefias mostram ao trabalhador como o seu trabalho é importante, se se sentem valorizados e se as suas opiniões são tidas em conta.”
Tenho cá para mim uma ideia que é tipo verdade de La Palisse... todos podem ser chefes, basta chegar á posição, mas nem todos os chefes são líderes. É minha opinião que todo o chefe deveria procurar ser líder… só que a capacidade para ser líder não nasce com a chegada á posição de chefe. O líder é alguém que tem seguidores, influência, dissemina valores, desenvolve visão, ensina porque tem conhecimentos que lhe conferem poder… é independente do cargo de chefia.
A minha experiência pessoal simplesmente veio confirmar estas minhas suspeitas. Seja como subordinado. Seja no papel de responsável por uma equipa.
A relação chefe-subordinado é mais importante do que se pensa. Muitas vezes o chefe é responsável pela permanência, ou não, dos seus colaboradores na empresa… o Líder é peça fundamental na retenção de talentos.
Curioso foi ler no tal estudo o seguinte: “Liderança, cultura e educação são 3 factores críticos no que respeita á melhoria da qualidade e produtividade. Os gestores devem estudar o seu papel como o de líderes e a liderança está relacionada com motivação, inspiração e fortalecer as pessoas. Para o fazerem com sucesso tem de se preocupar realmente com os Recursos Humanos e estar empenhados em encontrar maneiras de atender as pessoas e terem sucesso individualmente”.
Na produtividade e lealdade de qualquer colaborador o salário, os benefícios sociais da empresa e o ambiente de trabalho são muito importantes. Mas não será a qualidade de relacionamento entre colaboradores e responsáveis directos tão ou mais importante que as anteriores?
Eu tenho cá para mim que sim.
Será que as pessoas não querem dos seus supervisores directos aquilo que as crianças querem dos seus pais: Alguém que defina expectativas e rumos claros e consistentes?
Eu cá por mim posso dizer duas coisas: os “meus filhos” estão bem encaminhados e estou órfão…
Uma coisa que me faz muita confusão á minha piquena mioleira são aqueles “chefes” que acham que pressionando as pessoas de modo despropositado fazem as coisas acontecer. Cá para mim só vai dar origem a que toda uma equipa fique desmotivada e que não consiga trabalhar… acho que conheço cenários deste tipo. LOL.
Não será muito melhor trabalhar com e para a equipa. Valorizando as qualidades dos seus elementos e apontando onde eles precisam melhorar?
Certamente que sim.
Um colaborador motivado não acontece por obra e Graça do Espírito Santo.
Um colaborador motivado tem certamente por trás dele (e parem de ter pensamentos porcos…eheheh) um chefe que o estimula e desenvolve as suas competências. Será que comprometer as pessoas e ao envolvê-las na sua actividade não vamos ganhar uma pessoa motivada?
É preciso entender que o chefe administra com as pessoas e não para as pessoas.
Tenho cá para mim que um responsável deve antes de mais gerir pessoas e não trabalho.
O trabalho é gerido com as pessoas.
Delegação de competências, Responsabilização, Exigência, Rigor, Qualidade, Envolvimento, Informalidade, Frontalidade, Ser mais que um Chefe, são as expressões que balizam a minha actuação enquanto orientador de uma equipa.
Como “filho” sinto que estou órfão…
Como “pai” sei que estou no bom caminho. Sei que sou mais que um chefe. Algo mais? Não sei. Mas era demasiado pretensioso dizer…mas tenho a minha convicção disso… if you know what I mean?
Agora vou A Procura de… perder a orfandade e melhorar enquanto progenit.
Fui…mas volto.