O Bordel mais fantasticamente deprimente da Blogosfera

Thursday, February 22, 2007

Máquina do Tempo

É verdade pessoal, hoje vamos fazer uma viagem no tempo.
Este post vai ser tipo um dos episódios do Regresso ao Futuro…vamos voltar ao passado.
Vamos recuar alguns aninhos e transformar este espaço num programa infantil. Assim uma coisa tipo Fungágá da Bicharada, apresentado pelo mítico Júlio Isidro…mas em novo. Eheheheh
Quem nunca ouviu os nossos pais dizer uma coisa deste género: No meu tempo é que era bom. Quem não ouviu que levante o braço.
Ninguém como eu pensava. E qual era a resposta de todos nós?
Nada disso, hoje em dia é que é porreiro, temos mais escolha, etc, etc….
Curioso foi dar comigo no outro dia a pensar de um modo muito semelhante aquela mítica frase… quase tão mítica como o Júlio Isidro!!!!
Vamos então entrar neste espaço infantil e olhar um pouco para trás no tempo.
Vamos começar pelo princípio mesmo…pelo berço.
Hoje em dia as camas dos bebés são camas todas xpto, com protecções em toda a volta da cama…acho que algumas tem mesmo air bag…Ehehehe.
Ainda bem que assim é. Os pais ficam mais sossegaditos , especialmente se os putos forem do tipo irrequieto.
Mas quem é que não se lembra das camas quando elas eram simplesmente em ferro…muitas vezes revestidas a chumbo e pintadas com uma tinta de qualidade bem duvidosa e que nós fazíamos questão de trincar, de lamber, e de mandar umas valentes cabeçadas… o Air bag era bem rijinho….
Já que estamos a falar de Air bags, falemos de carros e do modo como nós andávamos lá dentro.
Cadeirinhas em função da idade era coisa nunca imaginada…senta o puto ai atrás e ele que não cai senão temos chatices. Coitados dos irmãos mais velhos.
Quando não havia irmãos mais velhos eram as mães que iam para o banco de trás tomar conta do catraio…tirando as vezes que os levavam ao colo no banco da frente.
O nosso automóvel vai ser a máquina do tempo para avançarmos mais um bocadinho…próxima paragem: Infância.
Aqui as aventuras automobilísticas continuavam. Air bags o que era isso??
Alguns carros nem cintos tinham. No banco de trás eram quase todos e os da frente poucas pessoas os usavam.
E era assim que nós andávamos, Sem cintos, sem airbags e numa rebaldaria completa no banco de trás…quando não retirávamos a chapeleira e a mala parecia um sítio porreiro para se viajar com todo o conforto.
Viagens no banco da frente era só mesmo quando o rei fazia anos ou desde que não houvesse mais ninguém dentro do carro.
Era mais arriscado…mas era sempre em festa.
Mas o risco no nosso crescimento esteve sempre presente. E quanto maior fosse a curiosidade maior era o risco de alguma coisa menos simpática poder acontecer.
Não havia medicamentos com tampas á prova de chavalo coscuvilheiro… e estúpido.
Os armários eram de abertura fácil e tudo servia para brincar.
Não há como um conjunto de panelas para dar uma bateria fabulosa. As baquetes eram as colheres de pau.
As mesmas que serviam muitas vezes de 1º objecto que batia no nosso corpo quando as nossas mães descobriam o estado em que o belo conjunto de panelas tinha ficado…de baterista a bateria era um saltinho.
Capacetes, joalheiras, cotoveleiras…o que era isso???
Para andar de bicicleta só precisávamos mesmo de uma bicicleta e de saber andar…depois era um arranhão aqui, uma pele que ficava no alcatrão ali e umas cabeças partidas quando o acidente era mais violento…havia obstáculos que decidiam vir contra nós. É verdade. Havia postes, paredes e afins que tinham vida própria.
O resultado era só mais uma visita ao posto médico mais próximo. Mas sem stress no dia seguinte já estávamos novamente montados em cima da nossa fiel amiga (hábito que muitos de nós preserva…mas agora com outro tipo de amiga…Eheheheheh).
Devido ao nosso frenesim constante aproveitávamos muitas vezes para beber água nas mangueiras das bombas de gasolina ou nas mangueiras de um qualquer jardim que estivesse a ser regado e acreditem uma coisa, sabia mesmo muito bem…garrafinhas para água nas bicicletas??? Objecto desconhecido.
Saímos de casa de manhã e brincávamos o dia todo, desde que estivéssemos em casa antes de escurecer.Passávamos horas a fazer carrinhos de rolamentos e depois andávamosa grande velocidade pelas ruas abaixo, para só depois nos lembrarmos que nos tínhamos esquecido de montar uns travões. Depois de acabarmos num silvado ou contra uma qualquer parede aprendíamos.
Descíamos montes com bicicletas de todo o tipo, menos as que eram adequadas para a coisa. Bicicletas de BTT era coisa rara e nunca vista naquela altura. O mínimo que poderia acontecer era um pneu furado, o máximo era conforme o declive…até doía.
Jogávamos ao elástico, as escondidas, ao 31 (versão futebolística das escondidas) e tudo durava horas. Por vezes tínhamos mesmo que acabar o jogo porque chegávamos á conclusão que havia um ou dois que se tinham ido esconder para casa…gente espertalhona. E a bola. Essa estava sempre presente. Maior ou mais pequena, de cautcho ou ranhosa, o importante era haver uma para jogar. Algumas eram tão rijas que até doíam. Mas não era por causa disso que deixávamos de jogar. Campeonatos entre ruas eram feitos, com árbitros e tudo. E havia horas marcadas, jornadas bem definidas e classificações. Havia rivalidades do tipo Sporting e Benfica, mas no fim dos jogos era tudo amigo novamente. Se não eram campeonatos de futebol, eram campeonatos de hóquei… mas sem patins. Tínhamos uma equipa que era os Rodinhas e éramos simplesmente os maiores do nosso bairro.
Caíamos das árvores (eu não, porque nunca tive jeito para a coisa…era mais do tipo rasteirinho) e por vezes lá havia algum que se desmontava todo… Consequência?? Mais uma ida ao posto de saúde para mais um curativo ou mesmo uma imobilização porque quando lá chegou descobriu que o braço estava partido… Era a vidinha. Não havia cá processos judiciais contra o dono do terreno onde a arvore estava a alegar falta de vedação.. Quem é que os mandou trepar??? Havia lutas de punhos fechados pelos motivos mais estúpidos. Outras vezes éramos capazes de passar uma tarde inteira aos empurrões e no fim já não nos lembrávamos do porque de tudo aquilo. Devem estar a pensar..que malta bem parva. Nada disso. Éramos simplesmente verdadeiros amigos..
Batíamos ás portas e tocávamos nas campainhas dos vizinhos e depois fugíamos porque tínhamos mesmo medo de sermos apanhados…era capaz de dar azar para o nosso lado.
Íamos a pé para casa dos amigos. E acreditem ou não íamos muitas vezes a pé para a escola ( era só ter o azar de perder o autocarro) ou porque simplesmente íamos passando pela casa uns dos outros e assim íamos todos juntos. Por vezes saímos sozinhos de casa e na escola o grupo já era composto por 10 crianças alegres e bem dispostas.
Nunca estávamos a espera que os nossos pais nos levassem…a malta desenrascava-se… e isto desde a primária até já sermos mais crescidinhos, tipo escola secundária.Tínhamos amigos – se os quiséssemos encontrar íamos á rua. Estávamos incontactáveis e ninguém se importava com isso. Não havia a histeria colectiva dos nossos dias em relação ao desaparecimento de crianças.
Comíamos batatas fritas, pão com manteiga e bebíamos todo o tipo de refrigerantes, mas nunca engordávamos( não era bem toda a gente…eu não era exemplo desta afirmação) porque estávamos sempre a brincar lá fora.
Férias eram mesmo férias. Era sair de manhã, voltar para almoçar e tornar a sair de imediato para só voltar a tempo de estarmos prontos para jantar…havia dias onde até de noite a pândega continuava. Mas no dia seguinte lá estávamos novamente de manhã cedo prontos para a rambóia.Não tínhamos PlayStation, X Box. Nada de 40 canais de televisão, filmes de vídeo, home cinema, telemóveis, computadores, DVD, Chat na Internet.
Algumas destas coisas já apareceram no meio e no final da nossa adolescência… mas a malta inventava o suficiente para não entrar em monotonia.
Se infringíssemos a lei era impensável osnossos pais nos safarem, eles estavam do lado da lei…nem sempre. Principal crime cometido por este bando de meliantes…invasão de propriedade pública. Afinal aquela Escola Primária era o único espaço decente para jogar a bola e não só…e estava sempre fechada. A solução era saltar a vedação…e quando a policia aparecia era cada um por si e a ver quem corria e saltava vedações mais depressa… aconteceu ficarem uns para trás…era a vidinha. Mas sem stress, no dia seguinte lá estávamos nós novamente…a saltar a vedação…Ehehehe.
Quem cresceu ao longo dos anos 80 e 90 viu este mundo mudar de forma fantástica.
Tivemos o privilégio de ver o 1º Live Aid e ao aparecimento de mitos como os U2, Madona e Pearl Jam…entre outros. Também tivemos azar de papar coisas como O Rick Astley e as Bananarama. Tivemos um misto de prazer e horror com a grande Samantha Fox e a Sabrina. Prazer de as ver, medo de as ouvir…mas o 1º superava em larga escala o 2º…Eheheheh.
Assistimos a queda do Muro de Berlim que representou o princípio do fim do Regime Comunista da Ex- URSS…só ainda não tivemos a mesma sorte em Cuba.
Lamentavelmente tivemos conhecimento dos primeiros casos de SIDA. Em Portugal terá sido mesmo o António Variações?
Tivemos música em Vinil e cassete…hoje temos o CD e o MP3.
Assistimos á evolução do mutante humano. Quem é? Não se está mesmo a ver…Michael Jackson. Quando começou era preto, hoje é mais branco que eu…Eheheheh.
Tivemos televisões a preto e branco…a Gabriela foi vista desse modo.
Foi por termos crescido deste modo, por nada ser um obstáculo para nós, que foi graças a esta geração que cresceu dos anos 70 a 90 que temos a panóplia de coisas de que hoje dispormos.
A vida sem um computador, sem televisão, sem um MP3, etc, etc, hoje já não faz muito sentido…são quase bens de 1ª necessidade. Acho que temos todos que agradecer a uma ou duas gerações de desenrascados os mimos que temos hoje.
Esta post já está gigante. È de certeza o maior que alguma vez irei escrever, mas foi com um enorme prazer que entrei no baú de recordações e estive A Procura de…coisas boas do tempo de jovem inconsciente.Fui.

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