O Bordel mais fantasticamente deprimente da Blogosfera

Monday, March 26, 2007

Vergonha

Acabou ontem o concurso promovido pela RTP que visava escolher o maior português de todos os tempos.
Este concurso estava ferido de morte desde o princípio. Afinal este vosso Deus grego e ícone da literatura blogueana não estava entre os 10 maiores portugueses de todos os tempos…qual Camões, qual Pessoa, e eu!!
Quem como eu acompanhou todo o programa de ontem e quem como eu tenha algum bom senso e coerência ficou chocado com o resultado final.
Mas vamos por partes, e ao contrário do que é normal vamos olhar do 1º até ao 3º classificado, fazendo uma passagem muito breve pelos restantes sete “concorrentes”.
Do 4º ao 10º lugar ficaram pessoas que julgo que só apenas uma mente viciada e pouco séria poderia dizer que fizeram algo de positivo por este pais á beira-mar plantado.
O que fez D.Afonso Henriques para além de fundar este pais? Que me recorde nada que valha a pena ser recordado…só coisas negativas.
Já que falamos de reis, o que terá feito D.João II para merecer esta referência…quase nada para além de ter sido o rei que fica ligado aos descobrimentos…de resto só sabia matar mouros e açoitar mais uns quantos.
Descobrimentos, essa época tão medíocre e que envergonha todos os que são portugueses. Pessoas como o Infante D.Henrique, Vasco da Gama, Alvares Cabral e afins deveriam ser apagados da nossa memória colectiva pelo facto de nos terem tornado grandiosos e de terem dado a conhecer novos caminhos ao mundo…uma tristeza.
Já falei deles, mas volto a referir. Quem foram Camões e Fernando Pessoa.
Um tarado e um mandrião que gostava de café e que precisava de beber álcool para criar. Tirando isto não vejo o que possam ter feito para hoje serem catalogados como vultos da cultura e do saber português…mas enfim.
Marquês do Pombal?? Quem é? Não é aquele senhor que foi o 1º presidente da Câmara de Lisboa e que mandou limpar umas pedrinhas depois de um pequeno abanão?
Então pelo andar da coisa, o próximo presidente da Câmara de Lisboa também vai ser reconhecido não só localmente mas quiçá mundialmente…afinal limpar Lisboa depois do grande terramoto que Santana e Carmona representam não vai ser fácil. Agora, Marquês de Pombal!! Tenham dó.
Bom vamos agora ao pódio, e tal como disse vamos começar pelo vencedor e só depois falo das “damas de honor”.
António de Oliveira Salazar foi reconhecido por aqueles que votaram como sendo o maior português de entre todos os grandes portugueses.
O homem era um génio da finança. Os cofres do tesouro nacional nunca estiveram tão recheados como no seu tempo. A sua sagacidade e engenho financeiro foram modelo para muitos países.
A sua sagacidade permitiu que Portugal não se envolvesse na 2ª Guerra Mundial, e ainda se aproveitou disso.
Com uma mão recebia dos alemães graças ao volfrâmio que saia do pais, e com a outra recebia dos aliados graças ao mesmo volfrâmio e não só.
Agora não consigo compreender porque é que o seu modelo politico e de governação não foi modelo para outros.
Tive a infelicidade de nascer por altura do 25 de Abril. Não data de calendário, mas a data que marcou o virar da página em Portugal, e que curiosamente é também data de calendário.
Como teria sido muito mais feliz a minha existência se tivesse nascido na época do Estado Novo.
Primeiro só o nome de Estado Novo faz toda a diferença. Dá uma imagem de um Estado sempre jovem, onde reina a alegria e a boa disposição.
Eu naquela altura teria sido uma pessoa mais feliz e realizada. Não há nada como uma boa tortura (e sem a ligação badalhoca ao Sado masoquismo e ao sexo puro e duro), uns tempos passados na prisão ou quem sabe mesmo um desaparecimento estranhíssimo…dá mais salero a vidinha.
Como teria sido engraçado passar a fronteira durante a noite e a monte para ir desfrutar não só da hospitalidade de nuestros hermanos, mas possivelmente dos franceses.
Mas a malta ia de noite porque dava mais pica, a adrenalina era maior…não era para se esconderem.
E as férias que a malta passava? Do melhor. Como eu gostava de ter estado naquele magnifico Ressort do Tarrafal, e mesmo na pousada de Peniche. A vista é magnífica.
E África! África, mãe África, terra mãe. Era o local com mais movimento de Portugal. Sim porque Portugal estendia-se para além das nossas miseráveis fronteiras. Eram terras imensas em África, Ilhas paradisíacas em África e até mesmo na Ásia…apostava-se muito no turismo nessa altura.
Barcos e barcos que saiam de Lisboa nessa altura rumo aquelas paragens e sempre com malta bem disposta a acenar para as caretas que ficavam em terra.
Eu deveria ter tido a sorte de ir nessas viagens, afinal os passageiros eram quase todos homens. Quase não, eram todos homens.
Acho que eram destinos de turismo sexual. Tipo Tailândia e Brasil hoje em dia. O chato era as raves constantes por aqueles lados. Muito barulho e a música eram sempre a mesma, tipo martelos…Pum, Pum, Pum. Alguns até vieram de lá malucos e a sofrer de alucinações. Os segundos foi por causa das pastilhas que tomaram para aguentar festa todos os dia…meninos.
Outra coisa que era porreira por esta altura era não haver eleições. As pessoas não precisavam de ter a maçada de escolher os seus representantes. Era sempre o mesmo a governar. O objectivo era só um… o conforto dos cidadãos. Assim não se falava de abstenção.
E quem tinha ideias diferentes, rapidamente mudava de ideias. Era qualquer coisa que lhe passava pela cabeça…assim tipo uma bala.
E podíamos estar aqui eternamente a falar das coisas boas que este pais passou durante os cerca de 40 anos que este grande português esteve no poder.
Coisas como a pobreza, a ignorância, a falta de instrução, e a grande Pide, é claro.
A única coisa má que o Estado Novo tinha era o mobiliário. Se o IKEA já existisse talvez a cadeira não se tivesse partido…que o senhor o guarde.
Não sei como é que Fernando Pessoa podia dizer que estava a ficar velho graças ao Estado Novo… por isso é que teve a classificação que mereceu.
Em 2º lugar ficou Álvaro Cunhal. A história destes dois homens tem uma matriz comum. Álvaro Cunhal foi quem foi graças a Salazar (e ainda dizia mal do homem…ingrato).
Seu principal adversário. Esteve na clandestinidade e lá lutou com os seus camaradas por uma mudança de rumo para este pais.
Esteve nos melhores resorts e foi torturado pela PIDE…só guloseimas.
Mais uma vez a completa ingratidão para com Salazar. Se não fosse ele nunca Cunhal teria tido o prazer de visitar esse belo local… a clandestinidade.
Lamentavelmente surgiu o 25 de Abril e com ele o regresso de pessoas que lutaram por impor a liberdade neste pais. Um deles foi Cunhal.
Mas Cunhal era muito parecido com Salazar, e por isso também ele um génio e um homem bom. No caso dele um génio da literatura e um homem bom, porque defendia de tudo um pouco. Desde a luta de classes, a reforma agrária, o melhor do nível de vida dos mais desfavorecidos. Passando pela invasões soviéticas á Checoslováquia e outros territórios do Leste. Até ao saque completo de empresas privadas e mesmo do Estado…mas desde que fosse feito com base no ideal comunista.
Tal como Salazar também Cunhal não gostava de maçar as pessoas, no seu caso os seus camaradas. Por isso eleições no PC não muito obrigada.
Cunhal representa muito do que este pais é hoje em dia. Pequeno de pensamento, sempre a espera que o Estado lhe dê qualquer coisa, inércia para produzir e facilidade para arranjar desculpas e culpar sempre os mesmos…enfim coisas muito boas e positivas.
Se não fossem uns miseráveis militares e mais uns quantos civis menos lúcidos poderíamos ter sido a Cuba da Europa. Já pensaram como teria sido bonito. O Algarve seria a nossa Varadero. Lisboa teria a misticismo de Havana…e a pobreza também. Tudo seria feito em prol da comunidade e do partido. Enfim a felicidade suprema.
Mas não. Tinham que aparecer meia dúzia de energúmenos para estragar tudo. Teríamos tido a felicidade de depois de conhecer como era uma ditadura de direita, ver ao vivo e a cores a governação de um déspota de esquerda…mas ainda bem que temos o Fidel Castro.
Em 3º lugar ficou um tal de Aristides de Sousa Mendes. Quem é? O que fez de relevante e bom para merecer este destaque?
Isso de salvar uns poucos de Judeus durante a 2ª Guerra Mundial é alguma coisa que valha a pena? Não me parece, e como tal nada mais vou dizer sobre este senhor sob pena de começar a ficar angustiado.
Afinal alguém que vai contra um dos parentes políticos dos outros senhores, o bem amado Adolfo Hitler, não pode ser boa rés. Até fico nauseado só de pensar no nome dele.
Não percebo porque é que em 3º lugar não ficou um grande estadista como foi Marcelo Caetano. O ambiente intimista que ele criava com as conversas em família nunca foi igualado.
Em que lugar está um Américo Tomaz? Nunca um homem ficou tão bem vestido de branco…a farda da marinha sempre fez toda a diferença.
É por terem dado o 3º lugar a esse tal de Aristides que os portugueses deveriam ter vergonha.
Em 1º um ditador, em 2º um aspirante a ditador e em 3º não se consegue arranjar ninguém com a mesma bagagem cultural e politica…e havia candidatos tão bons. Mas não, colocam lá um qualquer badameco. Uma Vergonha.
Mas enfim, pode ser que ainda se corrija este erro a tempo e se faça um novo concurso onde possamos eleger novamente para além dos dois primeiros, pelo menos o Prof. Marcelo Caetano.
Já agora podemos tentar provar que Hitler, Franco, Mussolini, Suarto, Fidel, Hugo Chavez, José Eduardo dos Santos descendem de Portugueses (pelo menos o último é bem provável), e que esses ascendentes também venham a ser eleitos pelo simples facto de estarem na mesma arvore genealógica dos mencionados.
Mas não vale a pena chorar, pode ser que um dia destes os portugueses que andam A Procura de… encontrar um Salazar em cada esquina, o encontrem e fiquem esclarecidos. Assim tipo os déspotas.
Fui.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

...e tristeza

1:10 pm

 
Anonymous Anonymous said...

Não vi o programa... Mas com esses resultados... as votações só podem ter sido manipuladas! Aliás, pelo que dizes, todo o programa foi manipulado! Como é que é possivel que o teu nome não constasse lá? hehehe

1:24 pm

 

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