Prima(Vera) na Páscoa

Hoje tinha pensado em contar como tinha sido a minha 1ª Páscoa enquanto padrinho de um rapazola.
Contar como me tinha sentido, da alegria que é para mim ver crescer aquele puto, e de como estou contente por desempenhar o papel de padrinho do moço.
Contar a reacção dele na abertura do presente que lhe dei…em suma partilhar com todos vocês momentos bem dispostos que estar com um pirralho eléctrico de dois anos proporciona.
Mas eis que no meio de um quadro pintado com tão belas cores cai um borrão negro de tinta que faz com que um momento que se queria bonito, feliz, do tipo para mais tarde recordar, fica transformado num cenário vazio, inócuo e sem sentido.
Há noticias que nos trespassam como lanças, que nos abalam os nossos mais profundos e sustentados alicerces emocionais.
Há noticias que pela sua brutalidade nós nunca deveríamos saber…simplesmente porque o facto que originou a noticia nunca deveria acontecer.
Sinto neste momento um misto de revolta, uma profunda tristeza, uma angustia que me corrói e uma ansiedade que me consome…estou mal.
O telefone só deveria tocar quando é para nos darem boas noticias…mas não é assim.
Quando o telefone toca, deveria haver frases que nunca deveriam ser ditas…simplesmente porque são proibidas.
Quando sabemos a frio, sem qualquer tipo de preparação que uma amiga nossa sofreu um acidente de viação brutal e está em coma…a terra tremeu por debaixo dos meus pés.
O modo como aconteceu, o estado muito grave em que ela se encontra, as consequências que podem advir deste momento brutal deixaram-me profundamente abalado…especialmente porque é alguém de quem gosto de modo incondicional.
É daquelas amigas em quem podemos confiar, com quem falamos abertamente, que nos fala abertamente, com quem trocamos confidências…em suma, uma amiga com A maiúsculo.
E o pior é que nada posso fazer por ela…a não ser esperar com atitude positiva (como ela é) e ter fé, muita fé mesmo, de que tudo vai correr bem e que como lhe disse tantas e tantas vezes quando ela apanhava os meus maiores disparates, a luz que me ilumina o caminho vai continuar bem acesa.
Nestas 48 horas criticas ela vai ter que ter uma atitude positiva e lutar pela vida…afinal esta foi só mais uma rasteira que te pregaram Xô Dr.ª Dona Lade…nada mais que isso.
FORÇA AMIGA, FORÇA LINDA…estamos todos ao teu lado e a espera do teu regresso para voltares a desfrutar das coisas boas da vida.
Depois vais ter que me aturar durante a tua recuperação. Dure ela 1 ano (como está previsto pelos médicos), dure ela 10.
Vamos trocar de papéis…eu passo a ser o psicólogo de serviço e tu a minha pseudo-doente a não perceber rigorosamente nada da terapia que eu utilizo porque não identificas que corrente é a minha. A corrente é a AMIZADE e tudo aquilo que ela envolve.
Com os nervos em franja e uma ansiedade do tamanho do mundo vou estar A Procura de… receber boas notícias.
Fui…mas volto com boas notícias.